Josy Matos, Sonhos e literatura!

Me vejo, me sinto, me canto, me leio, me REVELO!

Textos


DAS NOITES INSONES 2

Das noites insones 2

 

PS: Para compreender melhor a personagem, sugiro a leitura da parte 1.

 

A chuva caia, alguns relâmpagos reluziam naquela noite escura e fria, cenário perfeito para uma lareira e uma garrafa de vinho.

Depois de um dia cansativo no trabalho, Lua chegou em casa, tomou um banho, vestiu seu roupão branco de veludo e foi para a varanda olhar a chuva cair. De vez em quando alguns relâmpagos clareavam a ruazinha de tijolos, desnudando a atmosfera nostálgica em que aquele lugar estava envolto.

Sentou na sua cadeira de balanço, pegou a garrafa do vinho especial que sua chefe havia lhe presenteado e começou a degustar as primeiras taças enquanto seus pensamentos se perdiam em agradáveis devaneios.

A solidão daqueles dias, daqueles momentos não lhe incomodava, porém nas últimas noites não deixara de lembrar com um friozinho no estômago do reencontro com alguém que lhe arrancou os mais profundos suspiros em tempos remotos. Recordou o dia em que a aurora já era anunciada quando ouviu alguém chamá-la, levantou-se de súbito, abriu a porta e quase desmaiou quando o viu ali, estático, na sua frente. Lua emudeceu, as palavras tornaram-se fugidias, suas mãos tremiam, as borboletas voavam no seu estômago e aquela voz mais parecia um sussurro em seus ouvidos:

- Não vai me convidar para entrar?

Naquela manhã conversaram, riram, lembraram carinhosamente dos momentos que tiveram juntos e dos longos anos que ficaram separados.

Lua tomou mais uma taça de vinho e se deu conta de que o tempo passou e a vida de ambos não era mais a mesma. Respirou fundo, teve um misto de sensações e uma certeza:

- Não era para ser!

Sentiu uma leve tristeza, mas de repente foi acometida por outras lembranças que lhe arrancaram um belo sorriso. Levantou-se, colocou uma música bem suave e continuou a contemplar a noite escura, ouvindo o barulho da chuva e sentindo a brisa fria tocar seu rosto.

- Como eu pude pensar em viver essa aventura? Como fui dormir várias noites mergulhada em fantasias e devaneios, imaginado como seria esse momento?

Lua sorriu, sentiu vontade de dançar depois de abrir a segunda garrafa de vinho. Seus pensamentos lhe transportaram para o dia em que conheceu um jovem rapaz que estava nos anos dourados de sua vida. Ele já vivera muitas experiências, mas era docemente inocente em sua vida sexual. Seu encantamento por Lua o fez desejar ardentemente viver sua primeira noite de amor com ela.

- Você é extravagantemente linda, inteligente, olhos sedutores e lábios de carmim, desejo ardentemente que você seja a primeira mulher a tocar o meu corpo, a me mostrar as nuances do prazer, a me fazer um homem realizado- disse ele.

Lua admirou-se da ousadia daquele rapaz que era muito mais jovem que ela, por um instante se sentiu muito atraída, muito lisonjeada e desejou oferecer-lhe todo o seu corpo, mas faltou-lhe coragem.

- Não o amo, não seria justo!

Ao se dar conta desses pensamentos, Lua sorriu, entrou, fechou a porta, foi para a sala, olhou-se fixamente no espelho, acariciou seu próprio rosto, sentiu certa nostalgia, porém não entristeceu-se por ser sozinha.

- Eu me tenho, disse Lua.

Tomou a última gota de vinho que tinha na garrafa e adormeceu ali mesmo.

 

 

Josy Matos
Enviado por Josy Matos em 23/04/2024
Alterado em 03/09/2024
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários



Site do Escritor criado por Recanto das Letras