Julieta não conseguia esquecer as marcas que aquele homem deixara em sua vida. Não foram marcas no corpo, foram marcas na alma, feridas que jamais cicatrizaram. Aquele homem com quem conviveu nove anos , nunca foi um bom marido. No inicio da relação, era um gentlemam, porém com o casamento e o passar dos anos, ele foi se tornando o carrasco de sua vida.
Não tivera filhos, e foi melhor assim, acredite. Julieta era acorrentada em uma dependência afetiva incompreensível para qualquer mente humana. Passou por profundos momentos de agonia, de sofrimento naquela prisão sem grades.
Naquela noite em que a brisa era amena, não haviam estrelas no céu e a lua resolveu afugentar-se , ela tomava seu vinho e pensava em tudo porque passara, enquanto seus olhos marejavam e de vez em quando uma lágrima teimava em cair.
Ela, completamente presa em seus traumas pensava: como eu pude aguentar nove anos naquela relação abusiva? Meu Deus, como eu aguentei aquele homem me bater, me ferir com palavras mais cortantes que qualquer toque fisico? Me forçar a ter relação sexual contra minha vontade, me fazendo sentir nojo do meu corpo? E mesmo assim, não conseguir viver sem ele? Era doído demais relembrar tudo aquilo.
E assim foi a vida de Julieta até seu marido se apaixonar por outra mulher e largá-la, depois de jogar na cara dela, inúmeras vezes, que ela não era mulher suficiente para homem nenhum, que sua atual era muito mais mulher que ela.
Jamais Julieta conseguiu esquecer as palavras humilhantes que ouviu durante anos e continuavam soando como farpas em seus pensamentos. Porém, ainda mergulhada em traumas, ela seguia sua vida. Já não sofre tanto quanto antes. Vive um dia após o outro tentando se reconstruir, juntando os retalhos para recomeçar mais uma vez.