Por mais que eu almejasse descrever a atmosfera daquele quarto, as palavras não seriam suficientes. Sol de alma, coração e espirito trucidados. Nikolas com os olhos em lágrimas e um arrependimento tão profundo, que era transparente o medo de perder a mulher da sua vida. Seu único e verdadeiro amor. Parece contraditório. AMOR, TRAIÇÃO, AMOR. Se realmente é amor? Talvez seja.
O fato, é que Nikolas, em lágrimas ousou dizer:
- Sol! Eu sei que não há palavras nesse mundo que possam traduzir meu arrependimento, e eu sei também que não consigo mensurar o tamanho da sua decepção. Sei que nada justifica o que fiz. Pode até parecer babaca e machista o que vou dizer agora, mas ela entrou aqui, veio para cima de mim, falando um monte de coisas. Você já me falou um milhão de vezes da beleza estonteante dela. Eu não resisti. Inferno! Que ódio de mim. Eu não resisti. Mas, eu juro pelos nossos filhos, que essa foi a única vez. Você é a mulher que eu amo. Eu daria minha vida por você. É a mulher com quem eu casei faz vinte anos. A mulher que me deu as jóias mais preciosas da minha vida, meus três filhos. Não me deixe, não me abandone. Seria a morte para mim.
Sol olhava para Nikolas com um semblante tao sereno, mas tão duro ao mesmo tempo, que não poderia julgar o que se passava em seu coração naquele momento. Com a voz ainda falha, respondeu:
- Sabe Nikolas. Meu mundo desabou quando entrei nesse quarto. Senti o chão fugir e o corpo flutuar. Pensei que não resistiria. Milhões de pensamentos passram em minha cabeça. Imaginei anos de traição. Mas, sabe de uma coisa, vejo verdades em suas palavras. Não sei se posso te perdoar, mas não podemos submeter nossos filhos a tamanho sofrimento. Eles não tem culpa dos nossos erros. Você vai ficar aqui, porém vai ter que me reconquistar, como fez quando eu tinha ainda 18 anos. Nikolas, você matou uma parte de mim.
Nikolas jurou que a conquistaria de novo. Nos dias que seguiram, não dormiram juntos e assim foi por muito tempo. Porém, Nikolas foi o melhor dos maridos. Sol se surpreendia com ele a cada dia que passava. Os filhos, não entendiam a amabilidade impressionante do pai. E realmente ele estava se esforçando, lutando muito para reconquistar Sol.
Passram-se alguns meses. Eu disse, meses. Até que Sol, decidiu dormir com o marido novamente e tiveram a melhor noite de amor de suas vidas. Sol confessou que havia perdoado Nikolas, mas que esse foi o processo mais dificil e doloroso de sua vida.
Ao rememorar tudo isso, Sol sorriu. Olhou aquela imensidão de girassóis. Eles são tão inexplicavelmente belos. Ela sorriu e lembrou-se do quanto é feliz. Do quanto é maravilhoso ter um coração em paz. Sem mágoa. Sem rancor. Só paz. Somente paz.
Enquanto contemplava o horizonte, Nikolas a agarrou, beijou seu pescoço e disse:
- Vem amor. O almoço estar na mesa e as crianças nos esperam.
Sol, apenas abriu aquele sorriso deslumbrante.
Quanto a amiga de Sol. Bom! Ela amargou dia após dia, o sabor de uma vida solitária. De amante em amante. Se é castigo do céu ou a tão mencionada lei do retorno, não sei. Só sei que foi assim. Sol, finalmente encontrou um SOL!